O que é um suplemento?
Quando falo da alimentação da minha cachorra para as pessoas é: “como você suplementa?”
Assunto delicado esse, por isso resolvi abordar.
Primeiro, vamos entender o que é suplemento.
Depois o que é suplementação e quando ela se faz necessária.
Com isso, você nem vai precisar de minha resposta, porque vai entender por si só, mas eu vou te contar os meus segredos com a Dora, fique tranquilo.
De acordo com o dicionário, suplemento é tudo aquilo que serve para suprir qualquer falta; ou seja, o que se dá a mais com intuito de completar alguma deficiência.
Quando preparamos uma dieta caseira, seja ela qual for, a primeira coisa que procuramos é o balanço nutricional dos ingredientes que compõem esse prato. Tentamos colorir, variar e rotacionar os grupos alimentares de modo a garantir o máximo de nutrientes.
Muito bem. Variamos e na variedade buscamos basicamente vitaminas e minerais, pois esse é o combustível por trás dos alimentos.
Vitaminas são compostos orgânicos enquanto que os minerais são compostos inorgânicos. E o que isso quer dizer?
Compostos orgânicos são as substâncias químicas que contêm na sua estrutura carbono hidrogênio e, muitas vezes, oxigênio.
Compostos inorgânicos são substâncias contendo átomos de dois ou mais elementos combinados, e que não apresentam átomos de carbono em cadeias ligados a átomos de hidrogênio.
Eu sei! Lá vou eu com a aula de química. Você não precisa saber de cor, não se preocupe, eu também não sei, tenho tudo isso anotado apenas para entender como funciona o organismo.
É bom fazer esse exercício, pois compreendendo as origens, passamos a operar melhor essa maravilhosa máquina chamada ser vivo.
Quimicamente falando, todos os seres vivos são feitos por compostos inorgânicos (água e sais minerais) e orgânicos (glicídios, lipídios, proteínas, vitaminas e ácidos nucleicos). A quantidade desses compostos varia de organismo para organismo.
O corpo não produz vitaminas nem sais minerais, portanto, elas precisam ser ingeridas diariamente. Algumas são mais necessárias do que outras, a depender das funções que exercem.
Pense no corpo como um carro, cada peça do motor tem sua função. O carro não produz gasolina, vital para seu funcionamento. Já o aditivo ajuda no desempenho do motor, mas o carro vai dar partida e andar por aí com a gasolina necessária, esteja ela aditivada ou não, certo?
Vitaminas e minerais estão presentes em todos os alimentos. Portanto, a melhor fonte desses compostos é, e sempre será, a comida fresca, e de preferência crua.
No caso das vitaminas, sinto dizer, todas as outras fontes além do alimento fresco são sintéticas, e de acordo com pesquisa levantada pela revista canadense Dogs Naturally Magazine, são todas de origem chinesa.
Vale ainda ressaltar; no longo prazo essas vitaminas sintéticas não ajudam em nada o organismo porque não atuam da mesma forma que a vitamina em seu estado natural. Portanto, o jeito é comer! E variar.
Já os minerais, até conseguimos “comprar” não sintéticos na forma de suplementos. Ainda assim, hoje em dia, a indústria de alimentos e remédios, mesmo os “naturais”, mistura tanta coisa nas fórmulas, seja para ela durar, ou para ajudar na absorção – porque vitaminas e minerais trabalham quase sempre em conjunto (lembre da química toda lá em cima), que o produto final se torna uma poção mágica onde o principal elemento quase não aparece.
Sem falar que os alimentos carregam uma infinidade de outras coisas boas e vitais para o correto metabolismo como enzimas, probióticos, fibras, gorduras, e por aí vai.
O quanto suplementar?
A essa altura você já sabe que suplementação é o ato de entregar uma determinada quantidade de vitaminas, minerais e outros nutrientes. Mas, quanto?
É aí que mora o perigo. E é por isso que esse assunto é delicado.
Suplementar algo que já está sendo entregue na alimentação diária é sobrecarregar o organismo na digestão desse excesso. Em outras palavras, você só vai estressar o sistema digestivo e o corpo como um todo com essa carga a mais.
Por outro lado, como saber se o que está na tigela é suficiente para garantir a quantidade de vitaminas e minerais que o seu amigão precisa?
Isso me lembrou o dia em que a naturopata da Dora, que por sinal parece uma bruxa de contos de fadas, me perguntou estupefata: “você controla da mesma forma que faz com sua cachorra o tanto de comida de cada grupo alimentar que oferece para sua filha humana?”
A bem da verdade é: eu tento.
Mas isso é neura demais de minha parte, porque no final das contas, ela vai dividir o lanche na escola, vai exagerar no doce no dia da festinha e vai pular uma ou outra refeição saudável para acompanhar as ocasiões sociais.
É a vida e a gente não tem nada que tentar controlar tudo, só temos que entender que podemos encontrar o balanço necessário no tempo e na moderação.
Um dia fora do controle não vai arruinar todos os planos, mas, no caso da bicharada, é bom não sair muito da linha porque o metabolismo deles é super acelerado quando comparado ao nosso e eles sentem rapidinho o nosso descontrole, assim como também se restabelecem muito mais rápido do que a gente com medidas mais naturais.
Então, o que fazer?
Primeiro, estabeleça o modelo de dieta que vai adotar para seu companheiro carnívoro.
Tenha em mente que o balanço na dieta natural vem da mímica que fazemos com a dieta ancestral. Pense na presa que seu bicho comeria e na sua composição corporal. Tente copiar a presa, quanto mais parecido com ela, maior o balanço dos nutrientes no prato.
Apenas para ilustrar, um coelho tem aproximadamente 70% do seu corpo constituído de água, depois vem carne de músculo, ossos e vísceras.
Autores defensores da Prey Model Diet (sensação da captura de uma presa pelo cão) falam em 80-10-10, sendo 80% carne de músculo (lembrando que a carne contém a água do corpo), 10% ossos e 10% vísceras.
Autores defensores da oferta de carboidratos falam em, pelo menos 50% de ossos carnudos, cerca de 15% de carne de músculo, 10% vísceras e até 25% de carboidratos.
Esses são percentuais apenas para sua referência, porque até mesmo na natureza as presas variam. Não tanto, mas variam.
Se vai oferecer ossos, perfeito, já tem o balanço ideal entre cálcio e fósforo. Se não optar por ossos carnudos, tudo bem, mas vai precisar de uma mãozinha extra, especialmente se o animal for filhote.
Cálcio, ômega 3 e probióticos. Esses não podem faltar
Existem opções mil de suplementação de cálcio. Eu escuto muito falar da casca do ovo. Ela é excelente fonte de cálcio, sem dúvida, mas não entrega fósforo na mesma medida que o osso carnudo.
É preciso suplementar o cálcio, pois ele é essencial para os carnívoros, portanto, não pense duas vezes, fale com seu veterinário para entender qual a melhor fonte de cálcio para seu amigão.
Pode ser um produto oferecido no mercado, um alimento combinado com outro, ossos crus triturados, enfim, discutam as possibilidades. Só não deixe de oferecer alguma fonte de cálcio e fósforo, por favor, porque esse deslize pode custar caro na estrutura corporal de seu amigão.
Recentemente o querido Rodney Habib em sua página no facebook lançou uma discussão em sobre a relação dos Ômegas 3 e 6 nas carnes.
A conclusão foi a seguinte: somente o peixe oferece um bom balanço desses Ômegas, todas as outras carnes possuem uma quantidade muito elevada de Ômega 6. Você já sabe, precisa suprir essa deficiência quando não ofertar peixe.
Novamente, discuta com seu médico veterinário as melhores opções dessa suplementação.
Por que probióticos? Eu insisto nesse assunto. Ele é importante. O balanço da flora é fundamental para a saúde do animal.
No artigo Há males que vem para o bem falo bastante a respeito, com dicas de alimentos probióticos.
E a Dora?
Bem, a Dora é a minha cobaia.
Quando ela era bebê, eu comprava um suplemento orgânico feito de forma artesanal por um veterinário holístico canadense.
Nada mais era do que dente de leão, sementes de abóbora, kelp (um tipo de alga) e salsinha em pó super concentrados, com ácido fólico e minerais que eu já nem lembro mais quais.
Dava para ela feliz da vida, junto da dieta crua com ossos.
Um dia resolvi fazer um teste de minerais e descobri que aquela quantidade, que eu achava irrisória, na verdade foi se acumulando e lá dentro dela as coisas começavam a complicar.
Por exemplo, descobri que o kelp, sim, a super alga, no longo prazo inibe a absorção de ferro; que muito cálcio pode provocar crescimento ósseo desigual e assim por diante.
Como tudo no seres vivos, tudo mesmo, está interligado, comecei a fazer minhas conexões e percebi que menos, no caso dela, era mais. Passei a copiar mais as presas e a me preocupar menos com a oferta de multivitamínicos.
Tem dias que ela não come nada de vegetais e tem dias que ela come um super purê de abóbora ou batata doce.
Ela é muito ativa. Andamos em média 8km por dia. Isso também ajuda, e muito, porque o sistema linfático está sempre em vigor naqueles que se movimentam.
Esse movimento oxigena o corpo e circula as águas internas, promovendo a limpeza interna do organismo.
Falando em água. Ela toma filtrada, às vezes alcalina. Não oferto a alcalina sempre porque se a água alcalina não for da fonte, ela terá adição de cálcio.
Não faltam na tigela dela os três essenciais: Ômega 3, probióticos e cálcio (na forma de ossos carnudos).
Procuro os nutrientes nos alimentos que ofereço. Penso primeiro nas carnes (porque ela é carnívora e assimila melhor a proteína), depois vejo se precisa de Ômega 3. Pelo menos três vezes na semana ela come tripas. Só aí já tem probióticos e enzimas.
Apenas se eu estiver sem essas proteínas é que recorro a outros alimentos ou mesmo suplementação.
Eu faço muita coisa em casa. Adoro! Mas mesmo quando preparo minhas ervas, tomo extremo cuidado.
Desde o dia em que sequei um pé inteiro de manjericão e ele me rendeu apenas algumas colheres de pó, percebi o valor exponencial do uso desses alimentos na forma de suplementos. São mega concentrados, portanto, todo cuidado é pouco.